O show de ontem na Cerimônia de Abertura da Rio 2016 foi um momento único que não terá como ser reproduzido novamente.
As circunstâncias que levaram ao sucesso do evento, como a dúvida sobre a capacidade inventiva dos realizadores, ficam para sempre no passado.
Ainda assim houve, como em qualquer coisa que já foi feita, pontos fora da curva:
1. Um dos países não teve a mesma bicicleta que apareceu em todas as outras.
2. O corte na trilha para entrada de Zeca Pagodinho não foi uma transição suave, como deveria ser.
3. A pira Olímpica não precisava ter aquele tamanho. A escala do estádio e o caráter simbólico do fogo não se encaixam nas proporções da solução encontrada, embora a estrutura que circunda a pira tenha acrescentado densidade visual ao elemento central, amplificando sua relevância no cenário.
Mesmo com essas mínimas ocorrências, não se pode tirar qualquer ponto do conjunto da obra.
O efeito final foi igual, e em alguns momentos superior, aos apresentados em edições com orçamento muitas vezes maior do que o nosso.
Como poucas vezes, o mundo pode se dar conta do potencial criativo de profissionais brasileiros, que formam a parte boa da nossa sociedade.
Provavelmente a maior reversão de expectativas da história dos Jogos, transformando uma crise sem precedentes numa oportunidade de exposição daquilo que temos de melhor.
Não dá para dimensionar em bilhões de dólares o impacto de tudo aquilo na “marca Brasil” — o valor residual que é transferido para a imagem do país quando algo dá certo em escala global, diante de uma audiência planetária.
No mínimo, os responsáveis deveriam receber condecorações no Palácio do Planalto.
No mínimo.